No pensamento de Karl Marx e Friedrich Engels podemos rastrear a influência directa de Hegel, Feuerbach e os economistas clássicos, Smith e Ricado. De Hegel procede a visão dialéctica da história, a qual Marx concebe como o resultado da superação das contradições internas que se manifestam na realidade social.
Hegel explica a história como um processo dialéctico através do qual a razão ou espírito torna-se cada vez mais consciente de si mesmo. O processo dialéctico consiste na superação das contradições mediante uma nova compreensão que permite demarcar os elementos contraditórios em um nível superior, de maneira que sejam coerentes. Marx constrói seu esquema dialéctico de origem hegeliana, mas aplicando-a não na razão, senão ao processo material da vida do homem. Assim, a história se explicaria como um processo no qual aparecem classes com interesses contrapostos, e esta oposição conduz a uma transformação da sociedade afim de superar as contradições entre as distintas classes. Este processo culminaria com o triunfo do proletariado e a superação definitiva da divisão da sociedade em classes.
De Feuerbach recorre basicamente o giro materialista frente ao idealismo hegeliano. E dos economistas clássicos, o enfoque econômico de sua teoria social.
Feuerbach enfrenta-se às questões discutidas por Hegel negando que a realidade seja assimilável ao espírito, à razão. A realidade, incluindo o homem, caracteriza-se pela materialidade, pelo que empiricamente pode-se verificar. As produções espirituais do homem tão somente são um produto secundário que se explica em função das condições materiais em que vive. Marx adoptará este ponto de vista, mas criticará a Feuerbach por não ser capaz de compreender que as condições materiais em que vive o homem estão submetidas a um processo histórico determinado por leis econômicas, e que este processo histórico, ao determinar os câmbios sociais, comportará também mudanças na esfera das produções culturais.
Marx e Engels criticaram duramente as "deficiências" dessas correntes de pensamento. Criticaram o idealismo de Hegel, segundo qual é a razão a característica essencial do homem e por conseguinte todo o decorrer histórico é visto como o desenvolvimento das ideias da humanas, sem que o aspecto material da vida humana seja relevante ou tomado em conta. Criticaram também a Feuerbach, porque, apesar de haver entendido o homem como um ser vivo natural com necessidades materiais, não soube ver que o fundamental nele é a atividade material, é dizer, o trabalho. E finalmente, os economistas. Esses se limitaram a descrever as relações naturais e necessárias, justificando assim a dominação de uns homens por outros.
Também na filosofia grega - Platão e Aristóteles - e na filosofia moderna - Descartes e Hume -, assim como os autores ilustrados - Rousseau e Kant -, ao descrever ao homem, colocam em segundo plano sua materialidade. Em todos eles, a espiritualidade humana, a razão e suas paixões, é a senha de toda explicação sobre qualquer acto humano. Por outra parte, ao tratar sobre a sociedade, ou a política, os processos econômicos e os processos históricos que se desencadeiam, são ignorados.
O pensamento marxista situa-se, junto com Nietzsche e Freud, dentro da corrente filosófica denominada "filosofia da suspeita". Ainda que tenham questões filosóficas muito diferentes, sem embargo, os três coincidem em rechaçar a interpretação ilustrada do homem como ser racional e a sociedade ocidental como um contínuo progresso dirigido pela razão, pois junto a esse aparente progresso do Ocidental, existe algo mais obscuro, e mais potente que a própria razão humana.
No caso de Freud, se trataria do inconsciente. Segundo Nietzsche, a sociedade ocidental caracteriza-se por impor um modo de vida que destrói o impulso vital, a vontade de poder, condenando o homem a uma vida medíocre. No que correspondente a Marx, o progresso ocidental baseia-se em relações sociais que tem como principio a exploração do homem pelo homem, relações de domínio que estão escondidas e que só vêem uma luz - como o inconsciente no caso de Freud, ou o querer, a vontade de poder em Nietzsche - a partir de uma crítica radical desta mesma sociedade.